19 julho, 2007

Continuação 16 de julho de 2007



Prefiro negar a esta união...
A compreensão de nossos caminhos deve acontecer ainda em vida. Por isso estou aqui perseguido pelo ciclope. Eternamente a procurar a minha volta. A caminhar em torno de minha existência, atormentando pela minha própria sombra. E num sopro de poucas palavras que me assombra, esse ciclope da caverna me esmaga. Um conhecimento vão de ilusões se apresenta. Numa escuridão ampla e contundente me encontro. Procuro uma saída fora das amarras que a sabedoria do ciclope desatou. E uma vez fora da caverna e daquela escuridão atordoante que impedia a luz de açoitar minha vista, a sensação de desmaio e a tontura tomam conta de mim. Ao me recobrar do susto já não sentia mais o mal estar provocado por essa nova situação. A luz foi esquecida quando, durante numa breve investida fora da caverna me acostumei. E não vendo mais as sombras antes percebidas, compreendi a minha razão. Uma nova luta me tomou conta. Esse egocentrismo insano! Filho de plato! Em nada tem me ajudado nessa busca frente ao tempo. Somos tão fracos diante deste verdadeiro desafio. E esse tal ego que me coroe e me relembra da presença das sombras daquela caverna, esse filho ingrato de minha personalidade que me amarga e me envelhece. Imagem indesejada e causadora da praga chamada incompreensão. E quem diz “isso não acontece comigo” mente! Fatal é sua força, e a investida é poderosa, não se pode escapar.
Acredito que nunca poderei chegar ao supremo conhecimento, ainda sou um egoísta. Não posso vencer essa desunião que nos condena, essa guerra entre as razões. Sou parte dessa mistura da mística e do pensar.
Ingratos e incrédulos!
As pessoas assim nos chamam. Simplesmente pessoas, esses que vivem suas vidas sem pensar, nos chamam...
Irresponsáveis!
Não querem conseqüências.
Vivem somente o hoje.
Mas hoje não!
Vozes que me assombram estão perdidas entre as dos ecos dessas paredes que me cercam. Ecoam no nada. Não vejo, só ouço. Esta desordem de sons que do meu trono tento compreender. A força do mal que de mim ainda não brotou, mas o vômito ainda me dominará, então minha alma ferverá. Enquanto isso eu fico aqui a ditar palavras pro nada.
Verborragia vaga desses minutos de minha alma que me escapam.
Minutos esses que se perdem diante do nada.
Nada este que me invade...
Que esquartejem aos niilistas, e que suas cabeças sejam jogadas aos corvos!
Só assim talvez o eterno se transforme em verdade. Estamos mergulhados no nada! Somos parte do nada, este nada que é tudo. O nada é a resposta! Só o nada pode explicar a vida, a vida é nada. E o tempo pode definir o que é nada, o nada o que é tempo, e só o acaso o que somos. Filhos do que não aconteceu. A essência não precedeu a existência quando ocorreu nossa criação. Somos filhos desse acaso maldito chamado evolução.
E ainda assim o que não aconteceu está acontecendo. As palavras... Palavras que tentam inutilmente fazer parte de algo que não é. Do que não foi e nem poderá ser.
Por isso desejo meu crânio aberto.
Um encéfalo a céu aberto.
Haverá de ser a felicidade dos que não compreendem minhas palavras. Somente palavras. Sons. Manipulação do ar que respiro. E inda assim o nada me cerca...
Mas ainda sei que apesar disto, tudo tem duração...