17 junho, 2007


Do inferno ao paraíso

Não sei o que me deu nos últimos dias,
Mal dormira e veio a lua a elevar-se fria
Pra em meu colo sem vergonha, ou agonia,
Deitar-se em festa e acariciar-me a fronte.
Sem demora passei presente por entre os dentes
Deste Hermes de tropel.

Fugi de lá levando sequer meu corcel,
Deixando pra traz meu querido cordel.
Pendurado entre árvores, da rede, os punhos,
Ficou também minha alma em peso,
Meus prantos e meus desejos.
Deixei tudo por esse momento belo.
Para apenas num carinho, enfim,
Receber dessa lua que foge de mim.

Mas não desisto não!
Para ti não serei só um adão.
Serei a lira entoada em poesia
Cantando versos ainda que desconexos,
Lutando pra não perder o tom.
Serei também mandante e capataz
Mas do que pode essa realidade
Dizer pra mim o quanto me ama.

Não sei ao certo se me procura,
Se me quer, ou me gosta.
Mas sei com certeza,
Não deixarei por incerto
Todo esse momento em manifesto
Passar num breve embaraço.

Ouça bem!
Quero apenas o teu regaço,
Teu colo, carinho de mulher,
Que mesmo lua, sabe o que quer.
Quero você bem assim
Sempre perto de mim
Pra me fazer feliz
Seja como homem,
Amigo
Ou mulher...

Eu
A você Lua Dedico esta aventura...

Noites em mal dormida...

Teclado a tilintar
Se é que se pode chamar
O bater dessas teclas
Que se movem em festa
E abrem na tela
Aquelas letras piscadas ao cursor...

Mas na alma imortal
Deste ser neo-armorial,
Urge a dor animal
De seu passado ancestral.

Pensa em rima
Escreve acima
Mas esquece da trova
E pensa noutra hora,
Que uma pequena o mima...

Mas sabe, sem demora
Que o cesnalhado céu
Vai se elevar em cores
De manto azul e rubro
Vagando à corcel,
Na noite deste tropel
Onde vagam os brincantes.

E em coloridos cornos,
Vejo brotarem rosas
Que esperam pacientes
O retumbar dessa gente
Que vem celebrar ao menino

E com musica vos deixo
Mais uma vez sem apetrecho,
E sigo a minha estrada
Em busca dessa tão falada terra
Onde ainda se celebra
Como na já passada era.


Eu

O dia, um dia.

Um peito tão machucado,
Uma coisa sem ter rumo.
Uma escrita sem saída.
Não sei ao certo o que sinto.
Não sei direito o que rabisco
Com parva pena o papel.
Sei apenas que com cinzel
Esculpi seu nome sem adjetivo,
Pra ficar menos apreensivo
Aguardando seu retorno.
Mas ainda lembro do abandono.
Na cabeça um chapéu de adorno,
Representa um sentimento,
De dor e tristeza latente,
Enfiado até a altura dos dentes.
Lembro também do chinelo,
Arrebentada a tira na altura do garrote.
Que mostra que nada é forte
Diante de tanta miséria e covardia.
Não sei se perdi você nesse dia.
Mas se pudesse, diferente eu faria.
Nada de arrebentar o peito
Em meio ao meu estouro,
Onde a manada não é de touro,
Mas de palavras de agouro.
Onde em verborragia gritei minha covardia,
Pensando falar o certo ao juízo perfeito.
Mas encontrei no álcool o defeito
De sua vil incompreensão.
E sentado olhando dos outros, o passeio,
Pensei haver encontrado meu arreio.
Mas não tardaria o preocupado,
Recorrer sem desagrado,
Ao bolso do aparelho.
Um alô eu mal ouvi,
E não tardaria a confusão...
Ah se soubesse!
A esse bolso não recorria...
A palavras duras, jamais faria!
Minha razão, não deixaria...
Mas mesmo assim, pobre de mim.
Que abri mão da certeza,
Mão dessa beleza,
Chamada compreensão...

Alexandre Guimarães

Inspira a alma Armorial



Um astro rei que irradia
E finda a agonia
Da lua que em pranto espera
A chegada da rosa aurora.

E ilumina a branca vela
Da malta cruz que guia
A chegada da capitânia,
Traz consigo a benfeitoria,
E bantos em cantoria,
Que com guaranis dormiria,
E uma alma nativa criaria.

De junho a fevereiro celebraria
O natalino ciclo que não se quebra,
Que ano após ano gira
Sem perder energia,
A encher o coração em festa,
Após a novena e a sesta.

Muito me falta de cultura
Pra enfrentar sem amargura
Essa grande aventura
Chamada poesia.

A ponta desta caneta
Celebra firme esta letra,
Sem saber minha real tristeza,
De estar nesta terra,
E só cumprir a nova era,
E esquecer que passado não falta
Pra tradição deste solo,
Brasil.